Meu filho entrou naquela fase da adolescência em que ele deseja distância de tudo que lembra infância. Ele ainda não sabe que não existe nada mais adulto do que a vontade de voltar a ser criança. Cabe a mim e somente a mim por enquanto ir derrubando os jogos "infantis" do meu acervo, aguardando que o juízo retorne a sua cabeça ou que ele me dê um neto (ou neta), mas não há nenhuma pressa nessa última opção.
Descobri em Castle of Illusion o título perfeito para os pequerruchos. É deliciosamente criativo, é extremamente colorido e traz a dificuldade na dosagem certa. Não é um passeio no parque, ele exige um mínimo de esforço, principalmente nos chefes. Para aqueles marmanjos experientes em títulos de plataforma ou para os moleques de mãos afiadas que desejam algo mais, sempre é possível tentar colecionar todos os objetos escondidos pelo mapa e platinar a aventura. De minha parte, fiquei muito satisfeito, após dois dias de duelo nervoso para vencer a bruxa na batalha final.
O fato é: curto títulos de plataforma, mas sempre me faltou a precisão para vencê-los. Que eu tenha chegado ao final de Castle of Illusion sem ódio no coração é um testemunho não de minha evolução como jogador mas da suavidade da experiência.
Falar de enredo não é importante. A bruxa malvada egocêntrica da Branca de Neve sequestrou a Minnie para criar uma poção de formosura. Sem a existência de um sistema policial vigente ou qualquer tipo de governo, cabe ao Mickey Mouse resolver o assunto com suas próprias mãos (ou pernas). Ele invade o castelo da bruxa e lá descobre que ele está dividido em diferentes reinos ilusórios ou algo assim. Não cabe um aprofundamento, é tudo mágico e ponto final, essa é a desculpa que o jogador precisa para explorar uma floresta sombria, uma biblioteca gigantesca, um mundo feito de doces, as entranhas de um relógio e outros cenários encantadores que podem ou não fazer parte da mitologia da Disney.
A jogabilidade também é direta ao ponto: pule, pule e amasse seus inimigos, eventualmente arremesse objetos para ter um ataque de longa distância. Reunir coletáveis desbloqueia a seção seguinte, mas nem é preciso procurar muito: atravessar os níveis normalmente já oferece uma quantidade aceitável de "moedinhas" para liberar a próxima área. Não há nada que obrigue o jogador a retornar a mapas já vencidos em busca de resultados melhores, a não ser suas próprias obsessões, ao contrário do que virou regra em todos os jogos de plataforma dos últimos vinte anos.
Como ponto negativo, vale mencionar apenas a presença irritante de um narrador. É possível desabilitar esse recurso, mas isso apenas faz ele falar menos. Porém, mesmo esse "menos" foi o suficiente para me incomodar, ainda mais que ele repete tudo de novo quando você reinicia a fase porque morreu.
Foram quase cinco horas prazerosas que desfrutei nesse universo e, certamente, seria metade disso se habilidade tivesse. Castle of Illusion acabou se tornando o jogo que eu abria por meia horinha, durante um tempo livre, vencia uma fase ou duas e fechava, plenamente saciado e com um sorriso de infância no rosto.