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Channel: Retina Desgastada
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Jogando: Battlefield 4

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"Eu acho que a gente invadiu a p*** da China!", com estas palavras, Irish, o carismático e desbocado membro do Esquadrão Lápide, define a atmosfera de Battlefield 4. É um jogo onde você e seus camaradas resolvem quase sozinhos a Terceira Guerra Mundial meio que por acaso. E é divertido pra caramba.

Aproveitando malandramente o Game Time do Origin, me propus a terminar a Campanha single-player do jogo em sete dias sem pagar um tostão. Logo o modo Campanha, aquele que 11 entre 10 jogadores multiplayer afirmam que está ali só para encher linguiça e que o melhor de Battlefield 4 está mesmo no mata-mata frenético. Bem, conclui a Campanha em cinco dias e me sinto sujo por não ter gasto um tostão nisso, por que é um trabalho muito bem-feito da DICE.

Sabe tudo aquilo de reclamei em minha rabugenta análise de Call of Duty: Modern Warfare? A falta de controle, a sensação de ser apenas mais um em uma guerra sem sentido, o "faça isso, faça aquilo, bom garoto, pega um biscoito"? Nada disso aparece em Battlefield 4, que traz de volta o espírito do improviso dos esquecidos primórdios da própria franquia Call of Duty, adiciona personagens com os quais é possível se importar e embala tudo naquela já manjada pegada cinematográfica que abunda nos shooters modernos.

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Visualmente falando, Battlefield 4 é o jogo mais bonito que já passou por Kryta, levando minha ainda inexperiente placa Radeon R7 240 a seu teste máximo. Tanto que quatro programas de captura automática de tela falharam em seus propósitos. Mas eu parava para olhar a paisagem, a luz se infiltrando por janelas. Ao contrário de Modern Warfare, o jogo respeita seu ritmo e permite esses momentos. Quando o vento sopra, eu sinto a brisa. Quando chove, eu me molho. Quando os personagens falam, apesar da falta de sincronia labial, eu sinto um arrepio vindo do Vale da Estranheza, como se eles estivessem aqui na cadeira do lado cuspindo palavrões e palavras de incentivo. "Matar ou morrer, p***!", grita Irish.

Com imensos cenários, Battlefield oferece rotas alternativas para quem está disposto a explorar. Cada desafio é apresentado com liberdade: tem um tanque ali, tem mina para pegar aqui, se vira, improvisa. Que alívio de não ter uma seta marcando o local exato onde eu tenho que plantar a mina para neutralizar o blindado. Em dado ponto, é possível pilotar um tanque. Ou seguir a pé, você que sabe. Ou pegar outro tanque, fique à vontade. A escolha é sua, tu é o cara!

Não é a mesma liberdade absoluta dos primeiros Delta Force, onde era possível até mesmo virar as costas pra missão e vagar por horas no cenário. Mas, perto dos corredores fechados e das ações fortemente scriptadas que são vistos por aí, é um alento.

Em uma curta campanha (terminei em nove horas, mas sou metódico e sem pressa), pilotei carros, botes, tanques, saltei de para-quedas e escapei (impossivelmente) da morte diversas vezes. A trama é coerente e os diálogos estão muito caprichados. Mais de uma vez, pisei no freio na adrenalina só para ouvir o que os personagens tinham a dizer uns para os outros ou para o (mudo) protagonista. A dublagem em Português e seus xingamentos hilários são outro show que completa bem o clima de camaradagem e porralouquice ("morre, Diabo!").

Battlefield 4

Enquanto me maravilhava com os gráficos, com a ação contínua, com os cenários exuberantes e com os personagens bem construídos, me flagrava pensando em Mass Effect e em como o RPG da Bioware iria se beneficiar com o motor Frostbite 3 da DICE e em como Battlefield 4 poderia ter mais interação com os NPCs. Para minha grata surpresa, descobri que o próximo Mass Effect vai mesmo utilizar a engine gráfica (assim como todos os jogos da EA). Para minha grata surpresa, descobri na última sequência de Battlefield 4 há mesmo uma decisão dramática que irá balançar qualquer um que tenha se envolvido com seu esquadrão.

Palmas para a DICE. Queimo aqui minha língua de quem sempre olhou com desdém para esses FPS militaristas modernos. Battlefield 4 e sua campanha é uma pérola escondida e forte candidato a Surpresa do Ano no Retina Desgastada.

Ouvindo: Tower of Guns - Classification

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