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Channel: Retina Desgastada
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(não) Jogando: Ethan - Meteor Hunter

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De boas intenções, o Inferno está cheio, já dizia o dito popular. Honestamente, eu também espero que o Inferno esteja abarrotado de desenvolvedores de jogos difíceis pra caramba e que eles passem a eternidade jogando suas próprias criações e que a única forma de escapar da danação eterna seja zerando os malditos.

O que nos leva a Ethan, o rato caçador de meteoros e sua vocação para morrer mil vezes por nível.

O problema dos criadores de Ethan - Meteor Hunter não é auto-estima e de cara eles descrevem seu jogo como um cruzamento entre Super Meat Boy e Braid, dois ícones da cena independente. Uma combinação explosiva que pode atrair um tipo de público bem específico: masoquistas.

Eu sabia no que estava me metendo quando instalei o jogo para meu filho. As críticas na página do Steam dizem que o título tem uma dificuldade insana e que morrer infinitas vezes faz parte da rotina. Os próprios desenvolvedores afirmam que um dos pontos divertidos do jogo é ver o pobre rato Ethan se ferrando de múltiplas formas. Mas não é divertido quando você está por trás do rato e ele queima até morrer, é corróido por ácido, esmagado, dilacerado, eletrocutado, fatiado ou despenca para a morte.

Ethan - Meteor Hunter

Ainda assim, influenciado pelos reflexos desenvolvidos em Rayman Origins, achei que meu filho estava preparado para o desafio.

Por um tempo acreditei que triunfariamos contra todos os prognósticos e traçaríamos nosso caminho com sangue, suor e lágrimas até o final do título. Eu podia ver um futuro em que riria da plebe que abandonou o jogo no meio. Meu filho se tornaria o próximo Rei da Plataforma. Chegamos até o primeiro chefe, passamos para o "mundo" seguinte, com um esforço hercúleo.

O titúlo nos traz as aventuras de um rato que descobre um meteoro que lhe confere habilidades de parar o tempo. Nesse tempo parado, ele pode posicionar objetos na cena para passar por cima de desafios. O conceito é fantástico, ainda que não seja muito original. Mas o jogo não se contenta com essa mecânica e traz várias partes de plataforma que exigem atenção máxima e 100% de perfeição nos pulos para serem ultrapassadas, além de partes que combinam as duas mecânicas com um híbrido grotesco de reflexos de ninja com raciocínio de um sábio chinês.

Ethan - Meteor Hunter

Em alguns momentos, eram necessários 30, 40 minutos para decifrar um enigma. Outros momentos exigiam um nível de precisão milimétrica para serem superados. Até o momento em que nos demos conta que de diversão o jogo já não tinha mais muita coisa. Estava mais próximo da tortura...

A fórmula dos jogos de plataforma me parece bastante clara agora: dificuldade, ritmo e simpatia. O primeiro é o núcleo, obviamente, mas o ritmo ajuda a superar esse e a simpatia doura a pílula amarga da derrota inevitável. O que sobra em termos de dificuldade falta em ritmo aqui, em um jogo que alterna ponderação com velocidade muitas vezes na mesma fase. E simpatia passa longe com um protagonista pouco expressivo em um universo desolado. Certamente, os desenvolvedores não entenderam todas as lições de Super Meat Boy e Braid.

Com a mudança do Windows 7 para outro HD, Ethan e seu meteoro mágico ficaram para trás. Eu ainda tinha os save games e perguntei ao meu filho se queria que fosse reinstalado, já sabendo a resposta. Zombei dos desafortunados que não conseguiram ir adiante no jogo, mas a curva de dificuldade é cruel e te pega mais cedo ou mais tarde.

Pro Inferno com ele.

Ouvindo: Psyclon Nine - As You Sleep

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