Depois da bem-sucedida experiência com Warhammer 40,000: Kill Team, resolvi encarar um outro jogo cooperativo com meu filho, esse sim muito bem recomendado e diametralmente oposto ao mata-mata do 40º milênio.
Trineé um delicioso título de fantasia ambientado em cenários primorosos e que coloca um ou mais jogadores unidos no controle de três personagens bem diferenciados: uma ágil ladra, um poderoso cavaleiro e um versátil feiticeiro que não gera bolas de fogo. A exemplo de The Lost Vikings ou Three Dead Zed, é necessário alternar as habilidades de cada um deles para resolver desafios que aparecem no caminho. Ou seja, mais cooperativo, impossível.
Visualmente falando, Trine é um colírio para os olhos, cada nível praticamente uma pintura exuberante que chama para a contemplação. Na verdade, eu chegaria a afirmar que os mapas pediriam um jogo com um foco maior na exploração, não algo a ser atravessado com tanta fúria e pressa. Ou talvez seja apenas meu filho, apressado demais, que me forçava a correr para não deixá-lo morrer em sua tendência a tentar saltos impossíveis.
Ele escolheu a ladra pela agilidade, mas acabou sofrendo um pouco para acertar a mira das flechas com o controle. Considerando que foi sua primeira experiência com um direcional, até que não se saiu mal. Coube a mim o trabalho duro do cavaleiro e o fundamental posicionamento de caixas, pontes e plataformas do mago. Mas Trine oferece dificuldades tanto para acertar pulos complexos como para decifrar o que é necessário fazer para avançar. Felizmente, o jogo conta com um sistema de física realista o bastante para que aja mais de uma solução possível para se alcançar determinados lugares e a criatividade seja incentivada.
Não esperava por grandes combates em Trine e, de fato, não há. Os chefes de fase são bem fáceis de derrotar e, na maioria absoluta das vezes você irá morrer para o ambiente e não nas mãos de um inimigo. Felizmente, o título é bem generoso em seus checkpoints, que também ressuscitam personagens mortos e restauram um pouco da vida dos feridos.
Mesmo entendendo isso, o nível final foi meio decepcionante, uma vez que não há uma batalha e sim um insano "parkour" com tempo contado, uma mecânica que até então não havia aparecido no jogo, que anteriormente permitia o jogador pensar um pouco antes de pular. Com muito esforço, consegui chegar onde era necessário chegar, apenas para ver o jogo terminar minutos depois, de forma até meio abrupta. Há um nível extra depois do epílogo, mas parece acrescentado sem muito sentido.
Trine é claramente um trabalho apaixonado desenvolvido pela Frozenbyte na gélida Finlândia. Uma quebra de paradigma do sombrio Shadowgrounds criado por ela anteriormente e, de muitas formas, um resgate dos contos de fadas, nem que seja no aspecto estético. A impressão que tive é que, entretanto, algo está faltando no jogo. Talvez seja uma história mais sólida, talvez uma maior variedade de inimigos e desafios, talvez mais elementos de RPG.
Ou talvez Trine esteja bom do jeito que está e eu só tenha perdido a oportunidade de parar e contemplar.