Então, menos de duas semanas depois de escrever minhas "impressões iniciais" de Batman: Arkham Origins, a campanha principal tinha sido concluída. O mais contraditório é que e ao mesmo tempo que achei o jogo curto, também achei que já tinha passado da hora de acabar.
Ao contrário de seus primos mais famosos, Arkham Origins não foi desenvolvido pela RockSteady, mas por um estúdio da própria Warner, em Montreal, Canadá. O que deu tempo bastante para a dona da franquia criar um novo motor gráfico e ser mais ambiciosa na verdadeira continuação, Arkham Knight. O que sobrou para o modesto time de funcionários da Warner? Preencher o tempo, para manter a série viva na memória dos jogadores.
Como se precisasse.
E a Warner Montreal faz o seu dever de casa direitinho, copiando vários elementos que tornaram a franquia Arkham uma dos melhores coisas que já aconteceram aos jogos baseados em histórias em quadrinhos. E isso, em si, não é pouca coisa. O que não torna Arkham Origins menos desnecessário e você consegue sentir isso durante a jogabilidade: é um título que se sustenta sobre o ombro de gigantes, mas não ousa erguer a cabeça.
Em Batman: Arkham Asylum, a RockSteady montou para si sua própria versão da lenda do Batman e escreveu as regras de um título que alternaria sequências de pancadaria com sequências de stealth e personagens icônicos do Homem-Morcego. Em Batman: Arkham City ampliou o escopo sensivelmente, trazendo um mundo aberto e uma história de arrepiar, um dos melhores embates em todas as mídias entre o herói e seu nêmeses, o perturbador Coringa.
Coube à WB Montreal ficar sentadinha e não tocar em nada, para não estragar. Excetuando uma mecânica de investigação mais rebuscada, mal se nota o talento próprio ou a criatividade de seus desenvolvedores. A história empolga em vários momentos, embora esteja aquém do alcançado no título anterior, mas é entremeada por longas e cansativas sequências de luta e stealth, luta e stealth, a ponto de eu chegar a exclamar comigo mesmo: "de novo isso?".
Entre erros e acertos, Arkham Origins acaba se tornando uma curiosidade na série. Justifica-se por não deixar a peteca cair e apresentar uma gênese satisfatória para o ódio nutrido entre Batman e Coringa e a relação do herói com o Comissário Gordon.
Resta para mim agora a dúvida se um batmóvel e o retorno da RockSteady conseguirão resgatar o enlevo da série.