Apenas a paixão pela franquia S.T.A.L.K.E.R. pode explicar 86 minutos perdidos Chernobyl Diaries (simplesmente "Chernobyl", na tradução nacional, o que faz muito sentido já que não há diário algum na história). Se você nunca penetrou na Zona e se deixou levar pelos seus mistérios, recomendo enfaticamente que experimente a série de jogos e passe longe desse filme.
Se já jogou, também recomendo enfaticamente que passe longe desse filme.
O único filme dirigido por Brad Parker, a produção de 2012 acompanha um grupo de turistas norte-americanos de férias que resolvem se arriscar em uma "excursão extrema": entrar na Zona de Exclusão de Pripyat, uma vasta região na Ucrânia abandonada e tomada pela radiação que vazou da usina nuclear de Chernobyl, em 1986. O lugar, de fato, exerce uma atração mórbida por suas ruínas e pela sombria tranquilidade de suas ruas e construções desabitadas. Já rendeu mais de um ensaios fotográficos de beleza surreal e documentários que apontam os horrores potenciais da energia atômica.
Aqui, a cidade de Pripyat é utilizada para o palco de um filme de "turistas-perdidos-cercados-por-ameaças". Não há muito espaço para poesia e muito menos para crítica social na produção.
Para quem conhece Pripyat apenas por S.T.A.L.K.E.R., a cenografia convence de que foi filmado no local: os prédios, as paredes descascadas, o silêncio ominoso, as ruas tomadas pelo mato, o céu cinzento, está tudo lá. Exceto que Chernobyl Diaries foi filmado na Hungria e na Sérvia, por razões óbvias. Mas em sua primeira metade, ele te transporta para essa Pripyat imaginária e abre a mente para as possibilidades de uma versão filmada dos jogos da GSC Software (que conseguiu autorização para filmar e fotografar os lugares reais para criar seus cenários).
Mas nem só de atmosfera e cenografia vive um filme. Apesar do suspense que toma conta depois de um determinado ponto, é impossível ignorar os buracos no roteiro e o comportamento típico de personagens de filmes de horror, como sair de um lugar seguro "para verificar que barulho foi aquele lá longe" ou ocultar informações importantes dos amigos.
O final do filme é a gota que faltava para transbordar sua paciência e te convencer que seu tempo se foi irrevogavelmente. A conclusão carece de lógica ou impacto e soa apressada.
Quer um filme sobre turistas encurralados em uma região habitada por aberrações afetadas pela energia nuclear? Tente The Hills Have Eyes. Quer um filme de ficção sobre os horrores de Chernobyl? Continue aguardando.
Ou vá jogar S.T.A.L.K.E.R..