Resisti o quanto pude, mas existe uma regra secreta para blogs de jogos que diz que todos eles tem que publicar sua própria lista de músicas de jogos favoritas. Eu tentei escapar desta sina, com uma lista de Top 10 Compositores, mas os Deuses das Regras de Blogs não ficaram satisfeitos.
Para não cair na obviedade, farei duas listas diferentes, Lado A e Lado B. Seria insano tentar colocá-las em qualquer ordem de preferência, então, ignorem a numeração. E me concentrarei em títulos para PC, que é o foco do Retina Desgastada.
(Houve uma época em que música era distribuída dentro de artefatos físicos que podiam ter a forma de discos ou fitas. E as músicas eram diferentes, dependendo do lado em que o artefato era posicionado! Eu sei que isso parece difícil de acreditar nos dias de hoje, mas eu juro que era verdade. Normalmente, as músicas mais conhecidas eram colocadas de um lado, chamado de Lado A, e as músicas menos conhecidas eram colocadas no outro lado, o Lado B.)
Lado A
Estas são músicas que você provavelmente já ouviu, de títulos consagrados, e que figuram facilmente na lista de quase todo mundo:
- Final Fantasy VII - One Winged Angel
- Portal - Still Alive
- Duke Nukem Forever - E3 2001 Main Theme
- The Elder Scrolls V: Skyrim - Main Theme
- Halo - Main Theme
- Metal Gear Solid 2 - Main Theme
- Baldur's Gate 2 - Throne of Bhaal Main Theme
- Legacy of Kain: Soul Reaver 2 - Theme Ariels Lament
- Silent Hill 2 - Theme of Laura
- Silent Hill 2 - True
Sim, tem duas músicas de Silent Hill 2 na lista e foi preciso muito auto-controle para a lista não ser toda de músicas da franquia.
A lista completa do Lado A tem 37 minutos e pode ser ouvida em sequência aqui.
Lado B
Estas são músicas que você provavelmente não ouviu e que raramente entram em lista de melhores. Algumas são de jogos obscuros, esquecidos por todos, ou mesmo de títulos que nem valem o esforço.
Eu ainda tenho que comentar sobre Anachronox por aqui? A música consegue começar suave e subir de tom até atingir níveis épicos, da mesma forma que o jogo evolui.
Tunnel B1 foi uma das primeiras trilhas criadas pelo mestre Chris Huelsbeck, hoje muito mais conhecido por seu trabalho à frente do Video Games Live. Esta faixa é uma remixagem de trechos da trilha original, com samples do jogo e uma batida eletrônica por cima de tudo. A música foi lançada na trilha oficial, como extra. Infelizmente, meu tempo passado com Tunnel B1 se resumiu a míseros dez minutos de lutas infrutíferas com os controles. Não faço a menor ideia de como a trilha completa foi parar no meu acervo.
Outro remix, desta vez da famosa Marcha Imperial de Guerra nas Estrelas. A versão fez parte da trilha sonora do infame Star Wars: Force Commander, uma das muitas tentativas da Lucas Arts de fazer um título de estratégia. Dizem que o resultado é execrável, mas o remix acima foi minha versão favorita da música clássica por muito tempo, até eu recuperar meu juízo e voltar a preferir o original. A faixa foi oferecida de graça no já extinto site oficial do jogo.
Mesclando uma língua estranha e ritmos quase tribais, esta música era diferente de tudo o que eu ouvia na época. Mas de onde vinha? De um jogo de RPG desenvolvido nas Filipinas, chamado Anito: Defend a Land Enraged. Mais exótico, impossível. Infelizmente, nunca tive a chance de testar o jogo e o resto da trilha sonora segue os mesmos clichês de fantasia medieval já vistos tantas vezes. A desenvolvedora continua na ativa, mas agora trabalha apenas com o mercado casual.
Um jogo maluco como The Neverhood precisa de uma trilha sonora à altura e Terry Scott Taylor entrega. Segundo consta, foi o primeiro jogo feito inteiramente com massinha. Gastaram toneladas para fazer todas as animações. Infelizmente, nunca terminei. Na semana passada, tentei fazê-lo rodar no Windows XP de diferentes formas, sem sucesso. Para nossa sorte, a equipe de produção e o próprio Taylor estão todos de volta para seu sucessor espiritual, Armikrog.
Em Stubbs the Zombie in Rebel Without a Pulse, os desenvolvedores tiveram uma ideia de gênio: reunir um time de artistas independentes para regravar clássicos dos anos 50/60 para a trilha sonora. Como um jogo de época, a trilha era ao mesmo tempo uma homenagem ao período e uma sacudida na sociedade careta, algo que o jogo já almejava ao colocar um zumbi como protagonista. O resultado final é uma trilha imperdível para um jogo que poderia ter sido bem melhor.
Mas em termos de "trilha sonora supimpa" x jogabilidade tosca, nada supera até hoje o execrado Driv3r. Misturando nomes como Iggy Pop, The Raveonettes e outros nomes da cena indie com falas do próprio jogo, a trilha ofereceu meu primeiro contato com Hope of the States, banda melancólica da qual virei fã logo depois. Em contrapartida, o terceiro título da franquia Driver foi massacrado pela crítica.
Toda a trilha sonora de Arcanum: Of Steamworks & Magicka Obscura foi composta para um quarteto de cordas, evitando a grandiloqüência épica que títulos de fantasia costumam ter. O resultado é suave com pitadas de contemplação. A trilha sonora nunca foi lançada em forma física e foi liberada para download oficialmente. O jogo é complexo e o excesso de bugs em seu lançamento fez com que eu nunca me aprofundasse na aventura.
Escondida pela genialidade instrumental de Akira Yamaoka está a voz rara de Mary Elizabeth McGlynn. Ainda que o primeiro seja sempre lembrado pelas trilhas de Silent Hill, a segunda emprestou seu talento em algumas faixas cantadas da série. O resultado é um pop rasgado e doído que seria top 10 em uma realidade alternativa mais sombria. O fato da música acima ter referências ao Theme of Laura não tem qualquer influência em sua presença na lista do Lado B.
Este estranho videoclipe é o vídeo de encerramento do jogo MDK! Não há muito o que eu possa dizer que já não tenha sido escrito aqui, por Henrique Sampaio. Exceto que eu também fiquei de queixo caído quando o jogo terminou e, no lugar do tradicional epílogo, fui brindado com uma música estranha de uma banda francesa...
A lista completa do Lado B tem 41 minutos e pode ser ouvida em sequência aqui.