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Channel: Retina Desgastada
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Jogando: Industria

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Cabe mais um jogo antes de acabar o ano? Com certeza. Principalmente se ele for curto como Industria. O título de estreia da desenvolvedora Bleakmillé mais um prólogo, um protótipo do que um projeto exatamente finalizado. Completei aqui em cerca de 4 horas, porém há quem tem tenha terminado em metade desse tempo. Reconhecidamente, sou alguém que gosta de explorar todos os caminhos alternativos, ler todas as cartas pelo caminho e caminhar com muita cautela.

Industria foi presente do camarada Johnny C no Steam, embora eu tenha acabado jogando a versão da Epic Games Store por um erro no Playnite. Grato pelo presente!

O FPS da Bleakmill mergulha de cabeça na fonte de Half-Life 2 e não esconde suas influências, reservando até mesmo um espaço nos créditos para agradecer aos desenvolvedores da Valve. Aqui, controlamos Nora, uma cientista que está buscando descobrir o que aconteceu com seu marido Walter durante a ativação de uma máquina teleportadora em Berlim Oriental. O início da aventura remete a Portal (temos instalações gigantes e uma IA fora de controle), mas também há algo de Black Mesa, na premissa de experimentos que fogem do controle

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A partir daí, Nora desperta nas ruínas de uma cidade devastada pela revolução das máquinas. A arquitetura das ruas e dos prédios tem as mesmas inspirações da City 17, a partir do momento em que estamos falando de regiões geográficas similares do Leste Europeu. Em contrapartida, não há nenhuma justificativa para que as estruturas tecnológicas erguidas nas ruas, como muralhas, pontes e outros artefatos, sejam tão evocativas das mesmas intervenções urbanas dos invasores do Combine. Em muitos momentos, Industria parece um mod para Half-Life 2 e um daqueles mais estranhos, o que não é necessariamente um demérito.

Graficamente, o jogo demanda bastante da placa de vídeo, até mesmo as mais robustas, sem dar tanto assim em troca. Não é um jogo feio, longe disso, mas é bastante pesado e exige um pouco de ajuste fino em suas configurações. O áudio poderia ser melhorado, com músicas baixas (ainda que integradas no ambiente) e problemas para detectar robôs próximos.

A atmosfera e o mistério que envolvem essa viagem espaço-temporal são o verdadeiro charme de Industria. O combate em si parece estar ali mais por obrigação, uma vez que estamos falando de um FPS. São esparsos, com armas rudimentares, contra inimigos pouco inteligentes ou desafiadores. O que realmente prende o jogador é tentar compreender o que aconteceu nessa realidade, onde está Walter e o que significam os momentos incompreensíveis da trama.

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Infelizmente, a Bleakmill encerra o jogo sem resolver absolutamente nada. O que também não é ruim. No último terço, eu já tinha a convicção de que a aventura não seria resolvida do jeito Ocidental, com uma grande batalha e Nora salvando o dia. Tudo caminhava para um fechamento melancólico, como as ruas abandonadas de um sonho utópico. Nesse ponto, há algo de You Are Empty e diversos outros jogos dos países da antiga Cortina de Ferro, aquela sensação de que houve uma tentativa de se construir uma sociedade melhor, mas tudo terminou sufocado, sem vida e sem futuro.

Industria 2 está prometido e tudo indica que será tão esquisito quanto o original.

Ouvindo: Falcom Sound Team - GENS D'ARMES


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